Um blog sobre coisa alguma.

29.10.07

Por que eu não sou.............

Homeopata


Porque um remédio que se deve tomar 12 gotas a cada 7 minutos só vence a doença se for pelo cansaço.

Porque o remédio homeopatético não cura. A preguiça de tomá-lo é que faz você se sentir melhor

Porque quem se sentia melhor tomando bolinhas eram os hippies.

Porque não consigo aceitar que, depois de 3 mil anos de desenvolvimento da ciência e da medicina, ainda seja melhor me tratar como um índio.

Porque erva nunca fez bem pra ninguém.

Porque se chá fizesse bem pra saúde, os ingleses não morreriam nunca.

Porque chá não é remédio.

Porque se as ervas funcionasse, garrafada vendia mais que viagra.

Porque não moro em ocas.

Porque remédio bom tem que ter efeito colateral.

Porque se as plantas e raízes curassem, índio não ficava reclamando das "doenças de homem branco".

Porque minha bisavó se curava assim e morreu de "nó nas tripa" sem nunca ter sabido o motivo.

Porque medicina alternativa deve ser uma alternativa, nunca a primeira opção.

Porque homeopatia é como aupuntura: pode até funcionar, mas ninguém sabe como.

Por que eu não sou.............

Bairrista


Porque um bairro é só um bairro.

Porque a Mooca é uma bosta.

Porque Pirituba é uma bosta.

Porque Higienópolis é uma bosta.

Porque Moema é uma bosta.

Porque Tatuapé é uma bosta.

Porque a Mooca tem seus lugares bonitos e legais.

Porque Pirituba tem seus lugares bonitos e legais.

Porque Higienópolis tem seus lugares bonitos e legais.

Porque Moema tem seus lugares bonitos e legais.

Porque Tatuapé tem seus lugares bonitos e legais.

Porque o bairrismo é que dá sustentação pra associações de moradores de bairro e essas associações, além de serem formadas por velhas desocupadas, é a formalização do egoísmo bairrista que não dá ouvidos à razão.

Porque essas velhas são chatas pra caralho.

Porque essas velhas são mal educadas.

Porque essas velhas precisavam voltar a fazer tricô e deixar a vida seguir. E acabar.

Porque, segundo os bairristas, a Mooca tem tudo que você quiser, lojas, restaurantes, boates e shoppings. Uma exclusividade que só se vê na Mooca, Pirituba, Lapa, Penha, Tatuapé, Itaquera, Moema, Santana, Jardins, Higienópolis, Freguesia do Ó, Casa Verde, Morumbi, Cambuci, Barra Funda, Vila Romana e todos os outros bairros.

Porque eu tenho mais com que me preocupar do que defender o bairro onde moro.

Porque não é porque eu nasci na merda que vou acreditar e defender a merda até la parecer boa.

Porque ser criado em um bairro não me dá obrigação de gostar dele, das pessoas que moram lá e dos lugares que fica alí.

Porque o Juventus é um clube de bosta.

Porque todo bairro tem uma pizzaria que se diz "a melhor pizza da cidade".

Porque todo bairro tem uma "loja de roupas ótima"

Porque em todo bairro se encontra "desde produtos de 1 real até coisas de 500".

Porque todo bairro tem "barzinhos pra ir de noite, uma padaria maravilhosa e uns restaurantes super caseiros".

Porque bairrista é muito chato.

Porque defender o próprio bairro só não é mais chato do que convencer os outros a não comer carne.

Porque bairro é um loteamento feito por uma construtora e isso não tem metade do "glamour" que os bairristas tendem a empregar em suas falas.

Porque seu bairro tem um velho que mora lá desde que nasceu. E o meu também.

Porque nascer em um bairro, crescer, casar com alguém de lá, ter filhos lá, ficar lá até apodrecer não é me parece a coisa mais inteligente do mundo. Parece mais com medo de mudança.

Porque quem mora em Itaquera também é bairrista e isso tira toda a confiabilidade de um bairrista.

10.10.07

Verdades.

- Oi.

- Oi.

- Vi você olhando para mim quando passou ali na frente.

- É verdade. Foi mesmo.

- Me achou bonita, foi?

- Gorda.

- Como gorda?

- Te achei gorda. Por isso fiquei olhando.

- Você é louco? Me chamando de gorda assim, sem mais nem menos?

- Eu acho muito bonitas umas pinturas de gordas que eu vi na televisão.

- Você não pode me chamar de gorda.

- Mas você é gorda.

- Fiquei muito ofendida.

- Se você me chamar de gordo eu não vou ligar.

- Porque você não é gordo.

- E você ficou ofendida por que eu te chamei de uma coisa que você é?

- É isso mesmo.

- Então tá bom. Puta.

- Você tá maluco?

- Desculpa. Achei que você não ia se ofender.

1.10.07

Molho madeira.

Quando o boneco chegou na casa dele foi uma festa só. Trouxe junto com o boneco o tio, seu dono.
E o boneco sorria o tempo todo, encostado na cadeira. Virou parte da mesa, almoçava, jantava e tomava café com o pequeno. Um membro da família, tão humano quanto o cachorro.
O boneco não falava, não movia, não vivia sem o tio. O garoto só mexia, mas vida mesmo, de verdade, dessas do sangue correr nos veios da madeira era só com o tio. Que já não dava muita atenção para o boneco. Dava muito menos atenção para o boneco do que os outros davam para a sua saúde.
O dia em que o boneco saiu de casa e sentou na cerca foi um dia que já começou esquisito. Quando o pequeno acordou pra tomar café não encontrou o tio. Nem a mãe. O pai ele não encontrava há tempos. O boneco tinha saído pra andar e estava encostado na cerca. O pequeno se aproximou enquanto o boneco se afastava. Não havia mais ninguém em casa.
O boneco, encostado na cerca de madeira. Talvez contemplasse os pedaços que poderiam ser seus. Não chorava. Não podia e não conseguia.
O pequeno se afastava. O boneco queria estar sozinho. Queria estar com seu pai. Entre a cerca de irmãos deixou suas farpas no arame e pulou. O menino foi atrás.