Um blog sobre coisa alguma.

7.8.07

Morreu? Que pena. Agora dá licença que tá ocupando espaço.

No caminho pro trabalho eu passo por 3 cemitérios. ITodo mundo morre um dia. Agora mesmo deve ter muita gente morrendo por aí. Mesmo que se considere só em São Paulo, deve ter muita gente dando os últimos suspiros nesse instante. O que essa porra significa? Que vai ter enterro. E enterram gente pra cacete todo dia. E os cemitérios precisam de uma certa organização. Onde está um morto da sua família, não pode ter morto de outra família.
Então o espaço é dividido, e não pode ser pequeno.
O espaço ocupado por corpos inertes é muito grande.
Cemitérios inteiros ocupam uma parte considerável da Consolação, da Doutor Arnaldo, além de muitos outros cemitérios por aí. E isso só existe porque as pessoas costumam ir até o cemitério rezar por seus mortos.
Que sentido faz isso tudo?
Não dá pra ficar aqui esperando enterrar todo mundo. Não vai ter espaço pra todo mundo ficar chorando os mortos no cemitério. Por que não cremar os mortos, guarda-se uma urna que tem o tamanho de uma caixa de sapato ao invés de um caixão de 2,0 x 0,7 metros.
Vão dizer que a religião não permite. Que tem que enterrar pra preservar o corpo.
Porra, só pra garantir, deixa o morto inteiro por 3 dias. Se não ressuscitar, não é Jesus, pode queimar.
Cada um guarda sua urna em casa. Quer rezar pro morto, vai até a sala, ajoelha na frente da urna e reza.
Porque não faz sentido rezar pro morto de corpo presente no cemitério. Aliás, só o corpo está presente mesmo. E em decomposição. Mas ninguém abre o caixão pra rezar pra morto, porque se abrisse, ia desistir quando saísse a primeira larva de dentro do corpinho do vovô.
Se um corpo em decomposição merece uma rezadela, por que as cinzas não merecem?
É melhor pra todo mundo. Ocupa menos espaço. Esquimó queima os mortos. Sabe que os mortos não vão ajudar a pescar, leva eles de volta pro mar. Viking também queimava, já que não dava pra enterrar gente em barco.
Mas o problema de tudo sempre é a religião.
Mas a cremação não afeta religião nenhuma. Se respeitarmos os 3 dias de prazo de ressuscitamento ditado pela igreja católica.

Católico acredita em céu, e não tem cláusula dizendo que só vai pro céu quem tem o corpo enterrado ou os passageiros da TAM estão no inferno agora.
Se vai pro céu, fica sabendo de tudo que acontece aqui, vê tudo, tá por dentro. Sabe que estão rezando por ele, não precisa estar semi-presente num cemitério pra saber que se lembram dele mesmo depois de morto.

Crente é a mesma coisa. Eles querem queimar tudo pra purificar mesmo, então queima o corpo pra ver se purifica a alma. E se eles puderem cobrar pra queimar, aí pode ter certeza de que apóiam.

Espírita acredita no espírito. Que usa o corpo só pra cumprir a missão terrena. Então queima o corpo logo, já que o espírito tá salvo mesmo, tanto faz a embalagem.

Judeus não querem queimar por puro trauma. Mal sabem eles que é muito mais barato cremar e guardar em casa do que pagar o cemitério o resto da vida dos filhos. Quando eles fizerem as contas e virem as vantagens financeiras, é capaz que queimem até a mãe só pra economizar.

Budista deixa queimar também, desde que isso não mate nenhum outro animal que pode ser a reencarnação da mãe dele.

Queimando todo mundo, economiza-se também o terreno dos cemitérios. E onde antes era um cemitério, pode virar uma grande fábrica de urnas funerárias. E onde antes trabalhavam um coveiro e uns jardineiros, trabalharão milhares de pessoas construindo as mais belas, resistentes e duráveis urnas funerárias.

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

É, mas veja bem: além das cinzas, o que vai acontecer é aumentar pra caralho a poluição. Cada chacininha vai mandar pro ar um monte de fumaça preta. Especialmente na África. E logo logo vão queimar tanto filho da puta que a gente não vai ver o sol.

11 August 2007 at 19:40

 

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