Um blog sobre coisa alguma.

1.10.07

Molho madeira.

Quando o boneco chegou na casa dele foi uma festa só. Trouxe junto com o boneco o tio, seu dono.
E o boneco sorria o tempo todo, encostado na cadeira. Virou parte da mesa, almoçava, jantava e tomava café com o pequeno. Um membro da família, tão humano quanto o cachorro.
O boneco não falava, não movia, não vivia sem o tio. O garoto só mexia, mas vida mesmo, de verdade, dessas do sangue correr nos veios da madeira era só com o tio. Que já não dava muita atenção para o boneco. Dava muito menos atenção para o boneco do que os outros davam para a sua saúde.
O dia em que o boneco saiu de casa e sentou na cerca foi um dia que já começou esquisito. Quando o pequeno acordou pra tomar café não encontrou o tio. Nem a mãe. O pai ele não encontrava há tempos. O boneco tinha saído pra andar e estava encostado na cerca. O pequeno se aproximou enquanto o boneco se afastava. Não havia mais ninguém em casa.
O boneco, encostado na cerca de madeira. Talvez contemplasse os pedaços que poderiam ser seus. Não chorava. Não podia e não conseguia.
O pequeno se afastava. O boneco queria estar sozinho. Queria estar com seu pai. Entre a cerca de irmãos deixou suas farpas no arame e pulou. O menino foi atrás.

1 Comments:

Blogger Vinhote Que Rusga said...

Tá virando dadá, Mono?

6 October 2007 at 03:11

 

Post a Comment

Subscribe to Post Comments [Atom]

<< Home