Um blog sobre coisa alguma.

10.8.07

A participação psico-social da roupa no ambiente corporal mundano ocidental cristão.

De vez em quando o mundo assiste a movimentos sociais que fazem as pessoas repensarem seus modos de vida. Isso acaba influenciando todo mundo a fazer alguma coisa diferente e viver de uma outra forma.
Um dia, perto dos anos 70, com os Estados Unidos em guerra, uma parte do mundo comunista e outra capitalista, uma porra bagunçada pra caralho e muita coisa acontecendo sem participação popular nas decisões, um povinho resolveu que aquilo tava errado. E tava errado pra cacete. O cara não queria ir pro Vietnã porque lá só tinha aquelas vietnamita feia, com 13 anos, que só é bonita em filme sobre a guerra. Na verdade, vietnamita era um povo feio, pobre, sujo e mal depilado, e não tinha viva alma nos Estados Unidos que pensasse em ir pra guerra, aos 20 anos, no auge do fervor sexual, pra ficar comendo vietnamitazinha semi-infante. Não queriam ir mesmo, e com toda a razão. Eles tinham acabado de inventar a pílula e ninguém sabia da Aids, então vamos trepar junto, todo mundo se comendo, uma vida feliz pra caralho, ninguém é de ninguém, quase um comunismo pessoal, onde todo mundo participa de todo mundo, esquece-se esse negócio de posse, de unidade, de só um poder comer só uma. Pra quê limitar as coisas boas da vida? Aliás, coisas boas eram raras de se ver naquele mundo. Tão raras que eles tomavam LSD até a tampa pra ver coisas mais bonitas. E vinham submarinos amarelos e vacas pulantes, e baleias coloridas que passeavam pelos céus da rota 66. A vida era uma kombi estilizada, trepada, LSD e Rock'n roll Usavam uma roupa qualquer, já que eles não precisavam ficar bonitos mesmo, o importante era amar, gostar de viver, e não o jeito de se vestir. Um povinho super alegrinho, liberal pra caramba, principalmente se comparado com a geração anterior. E eles eram tão liberais e tão drogados que foda-se se era um cu de homem ou de mulher. Cu é cu e cuzeiro é cuzeiro. A liberdade que eles não tinham no país, inventavam eles mesmos na comunidadezinha deles. Os hippies realmente não queriam nem saber, estavam se fudendo. Eram engajados, contra as guerras, contra a violência, a favor da paz, do amor, do sexo livre e das drogas.
O movimento hippie era uma espécie de tropicalismo que falava grosso.
E tinha muita música. Toda kombi tinha uns violões embaixo da maconha, esperando a primeira parada pra fazer uma rodinha, tocar Janis Joplin e todo mundo se comer. Existiam muitos nomes importantes daquele movimento, mas os hippies não lembravam do nome deles direito, por isso eles acabaram ficando esquecidos pela história. Na música tinha gente boa como a Janis Joplin, o John Lennon, o Jimi Hendrix, o Joe Cocker, Jeferson Aiplane, Jethro Tull, Johnny Winter, Jim Morrison e alguns outros que não começavam com J. Todos eles faziam shows que só não eram inesquecíveis porque as drogas não deixavam ninguém se lembrar. E a cada show, uma nova versão das músicas quando eles conseguiam tocar. Mas tudo era protesto, tudo era por uma boa causa, eita mundão feliz, quanta putaria, o que mais se pode querer? Se eles acreditassem em Deus, iam agradecer todo dia.

Só que esse movimento surge baseado numa constatação idiota, que qualquer maconheiro consegue chegar, e que foi o que os primeiros hippies pensaram: a vida de uma pessoa é boa entre os 15 e os 35 anos. Depois o pau murcha, os peitos caem, o cu afrouxa e começam os problemas. Então vou viver só até os 35 anos, mas vou viver bem. Vou me drogar de todos so jeitos, vou trepar de todos os jeitos, vou conhecer lugares pra caralho, fazer show pra caralho e depois morro. Foda-se, afinal, não quero virar um velho idiota. Por isso não importa quanta droga ele tome, qual lesado ele fique, quantos problemas ele tenha. Ele vai morrer já que viver nesse mundo não vale muito o esforço. Só que isso, quem pensou foi o primeiro lá atrás. Claro que isso acontecia nos Estados Unidos. O resto do mundo seguia como sempre, japoneses copiando tecnologia, alemães comendo salsichão, chineses olhando a muralha e brasileiros copiando os americanos, mas colocando junto aquele toque de brasilidade que só nós temos, aquela essência brasileira, coisa raiz, típica daqui, que são os tambores africanos, as danças africanas, as roupas africanas e as religiões africanas, conforme vimos na abertura do Pan.

Chegaram os anos 80 e o movimento hippie praticamente morreu. Só sobraram alguns que não entenderam a idéia e usaram poucas drogas, fizeram pouca merda ou entraram só quando o ônibus tava chegando no ponto final.
Na década de 80 surgiam outras pessoas pra mudar o comportamento. O mundo continuava dividido. O clima ficava mais quente com os riscos da guerra fria. E trocadilhos imbecis como esse eram motivo para muitas pessoas ficarem desesperadas.
O medo de morrer era constante, já que um gole de vodca a mais podia fazer o botão vermelho explodir o mundo.
Surgiu nessa época um grupo de jovens americanos que tinham uma característica muito semelhante à dos hippies, provavelmente seus pais. A vida é boa dos 15 aos 35 anos. Tenho que aproveitá-la. Mas não quero aproveitar minha vida numa kombi velha comendo umas mina que não depilam o suvaco e fedem pra caralho. Eu quero um carro fudido, comida boa e mulher gostosa. E pra isso eu preciso de dinheiro. E como eu vou ganhar dinheiro a ponto de ser rico antes dos 35 anos? Isso vai exatamente contra o capitalismo bonito do meu país, onde todos possuem chance de ganhar dinheiro, subir na vida e ficar feliz, mas precisa trabalhar muito.
Há poucas formas de se ganhar dinheiro rápido: jogo, pode ser aposta em futebol americano, ou qualquer porra dessas, mas não é tão fácil Pode-se formar uma banda pra cantar sobre as dificuldades da vida no estilo americano, mas já tinha o Bruce Springsteen. Podia ser inventando um remédio como a pílula, mas tinha que estudar. Podia ser na Bolsa de valores, mas há o risco de eu perder todo o meu dinheiro e morrer de fome. Mas se morrer, foda-se, De que adianta ficar vivo nesse mundo de merda se a qualquer momento podem explodir tudo? Se eu perder todo o meu dinheiro, só vou adiantar algumas coisas.

Yuppie, além de um grito extremamente viado que alguns caras soltam sem perceber quando ficam felizes, era o nome dado aos americanos jovens, espertos e que investiram e ganharam muito dinheiro na bolsa. Os que perderam dinheiro não ganharam um nomezinho bonito. Mas os que ficaram rico viraram yuppies, movimentaram a economia, compraram carros, casas, iates e mulheres da melhor qualidade.
Eles gostavam de andar bem arrumados, de terninhos, calças chiques e sapatos importados. Claro que não usavam gravata, que tinham camisas por fora das calças e etc, afinal, eles queriam andar chiques e bonitos mas nnao queriam parecer um advogado do governo. Eles queriam mostrar pra todo mundo que eles eram espertos pra caralho e não tinham chefe. Eles tinham vida noturna, não tinham horário de trabalho, eles são o primeiro modelo dos caras que hoje participam do Aprendiz. E eles provavam isso com o comportamento. O típico menino rico mimado que só se preocupa com o luxo e é um tanto vazio. Ao contrário dos ideais dos hippies, esses se preocupavam mais em provar pros outros que eles tinham conseguido. Iam viver até os 35 anos numa boa, com muito dinheiro. Era uma espécie de modelo de vida das propagandas de cigarros Free. E essa comparação foi só pra poder incluir o assunto desse texto de forma sutil.

No meio dessas duas vertentes surgia um outro tipo de ser: o publicitário.
Esse cara tinha conseguido ganhar dinheiro muito rápido, usando sua inteligência e baseando seu trabalho na sua criatividade. E estavam dispostos a pagar bem por isso. Principalmente pra vender mais pros yuppies, que tinham dinheiro pra gastar e pouco motivos pra guardar. Ao mesmo tempo, o publicitário gostava de arte, e era artista até, nnao era politizado, se drogava pra liberar a criatividade (se dava certo com os músicos, porque não com os criativos?), não se preocupavam muito com o que os outros pensavam, faziam as coisas do jeito deles e faziam certo.
Esses caras, os primeiros, criaram um jeito de trabalhar que eles gostavam. Não tinham regras, trabalhavam a hora que quisessem, estavam inventando a profissão, então eles passaram direto para a chefia, sem ser empregados, então não eram filhos da puta com os empregados pois não gostariam que os chefes fossem com eles. Era uma liberdade enorme, que eles gostavam e inventavam, fazendo a propaganda fudida.
A questão de tudo era a criatividade. A publicidade sempre foi baseada na criatividade e era por ela que eles pagavam. E bem. E até hoje, as agências de publicidade se baseiam num modelo de funcionamento que foi criado e difundido por aqueles primeiros publicitários fodas. Que criaram duas coisas importantíssimas para a profissão:
1 - A profissão.
2 - a imagem de fantasia e mistério que envolve a profissão.

O que eles criaram naquele tempo e que hoje ainda é difundido é que a sua criatividade vale o que você quiser. Por isso os publicitários acostumaram a fazer as cosias como queriam. Com a inconsequência e diversão dos hippies e a vontade de ganhar e a aura de riqueza e chiqueza dos yuppies. Por causa da criatividade. (apesar de que até hoje, algumas publicitárias ainda desesnterram as saias de suas avós hipies cheirando a naftalina com LSD e vão trabalhar, com a aura dos yuppies e sem sutiã, como suas avós)

Nesse momento, criatividade é moeda de troca.


Podem chegar a hora que quisessem, se forem criativos.

Podem nem ir trabalhar, se forem criativos.

Podem trabalhar em duplas, cada um com metade do trabalho, em troca da criatividade.

Podem beber durante o serviço, em troca de criatividade, claro.

Podem colocar os pés em cima da mesa, se forem criativos.

Podem almoçar durante o dia todo, se voltarem com uma idéia boa.

Podem trocar de carro, por serem criativos.

Podem comer várias menininhas, só na base da criatividade.

Podem fumar maconha e se drogar, pra serem criativos.

Podem, até, fumar cigarros e charutos em ambientes fechados e com ar condicionado, só por serem criativos.

Só o que não pode, em hipótese nenhuma, porque aí já é avacalhar com tudo e ser filho da puta, é trabalhar de bermuda.

Isso não pode mesmo, até porque eles podem, se quiserem, ser incoerentes. Eles são criativos, não são, porra?

1 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Maravilha
Fora o preconceito passível de cana contra as vietnamitas...
Você escreve muito mais que eu desenho.
Parabéns camarada.

15 August 2007 at 15:36

 

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