Um blog sobre coisa alguma.

25.7.07

Um pouco de teorias inúteis sobre coisas sem importiância

Sempre defendi que a humanidade existe baseada em três pilares, que são os responsáveis pelo desenvolvimento de tecnologia, pela vontade de acordar todos os dias e fazer alguma coisa e também pela nossa capacidade de nos relacionarmos.
A parte dos relacionamentos costuma ser a mais complicada e muita gente já tentou explicar.
Quando Rousseau falava do contrato social e a perda da liberdade em nome de uma sociedade que vive unida e se ajuda mutuamente, basicamente baseamos as coisas na necessidade que temos um do outro.
Freud dizia que não conseguiremos ser felizes nunca porque precisamos da liberdade que não temos em sociedade, ou seja, teríamos que viver sozinhos. Ao mesmo tempo precisamos da ajuda da comunidade, que não teríamos sozinhos. Por isso aceitamos a vida em sociedade. Por necessidade.
Vivemos em sociedade porque seria difícil viver sozinhos. Precisamos de outras pessoas. interesse. Em cima desse interesse criamos rituais, modelos de comportamento e formas de nos relacionarmos melhor. Ou nem tão melhor.
O casamento era uma forma de reunir duas famílias por interesse e torná-las uma só, com mais poder e importância. Agora isso perdeu a sua cara aristocrática de antigamente, mas ainda assim os casamentos entre pessoas ricas e pobres é mau visto.
Jovens e velhos também. Mas são costumes mantidos pela necessidade de viver em sociedade e atenuar as diferenças entre as pessoas.
LEvando em consideração os sentimentos humanos e, pensando que eles não tem relação com o comportamento, mas sim que o comportamento é que é baseado nos sentimentos, nossos rituais são feitos de forma a mexer o mínimo possível com a parte considerada negativa de nossos sentimentos.
Uma missa exalta a bondade, o amor e a ajuda mútua. Sugestivo em uma sociedade que vive junta por interesse.
Um funcionário trabalha para seu chefe porque quer ganhar dinheiro. E o chefe não quer ou não pode fazer aquela função.
Tentamos arrumar bons empregos pra virarmos chefes, pelo mesmo motivo. precisamos dos chefes e dos funcionários. Sempre precisaremos.
E temos amigos, que nos irritam, mas são mais momentos bons do que ruins. Rimos, e sempre procuramos aqueles que nos fazem rir. Rir é bom, por isso, quem te faz rir é mais fácil de ser aceito como amigo. Pessoas engraçadas são cheias de amigo. Gostam dele? Sim. Por que? Porque é engraçado. Interesse. E o engraçado tem amigos que não são tão engraçados por que? Platéia. Todo cara engraçado gosta de ter uma daquelas que você sabe que pode falar qualquer coisa e ter sucesso.
Em todas as relações humanas uma das bases do tripé que falei lá em cima está presente.
A falsidade é o que nos permite ficar juntos por tanto tempo e sobreviver.
E não penso na falsidade maldosa, que quer a morte do cara do lado mas não fala nada.
T falando daquela falsidade que faz você perguntar se está tudo bem para o outro mesmo sem querer ouvir a resposta. Ou que te faz responder "tudo certo", mesmo que não esteja tudo certo. Mas, afinal, você sabe que o outro nnao quer ouvir seus problemas, responde pra não ser antipático. A sua falsidade responde à dele de forma precisa. Esse é um dos pilares que permite que a gente vá vivendo, sem muitos problemas.
Mas os outros pilares causam muito mais confusão na vida de uma pessoa. Pra mim, esses dois estão intimamente ligados e fazem a vida continuar progredindo, sempre em busca de mais.
Sexo e preguiça são as duas coisas que nos fazem andar.
E por mais engraçado que seja, é a preguiça que nos faz levantar todo dia de manhã pra ir trabalhar. Porque a sua preguiça aliada à capacidade humana de pensar no futuro (coisa que animais não têm, e, por isso, somos diferentes) faz com que você pense em não trabalhar mais um dia, juntar dinheiro e descansar.
Vamos por partes.
Dia comum de uma pessoa.
Levanta e vai trabalhar, almoça, volta pro trabalho, vai pra casa e vai dormir. Resumidamente.
Ela acorda e vai trabalhar pra ganhar dinheiro. E pra que ela quer dinheiro?
pra comprar uma casa, um carro, comida. Desconsiderando aqueles que trabalham apenas para ter condições de comer e sobreviver, e pensando naqueles que trabalham e conseguem guardar dinheiro, todo mundo tem um sonho camuflante.
Um carro, uma casa, um relógio, uma roupa, algo de valor definido pelos outros seres humanos como importante. E pra que comprar um carro? Pra conseguir conforto na hora de dirigir, concordo. Mas principalmente pra ter status e ser aceito em determinado grupo.
Pra que ter status e pertencer a um grupo? Pra ser bem aceito e ter contatos. Ter contatos, sobretudo pra arrumar um amigos que te divirtam. Diversão que pode ser uma ida a um barzinho ou sexo. Desculpa, mas sexo é mais divertido que qualquer outra coisa. Qualquer outra coisa. E se todo mundo concorda que a melhor coisa que existe é sexo (menos a Britney, que gosta de chocolate), o objetivo final que camufla todos os sonhos, é o sexo.
Seja ele conseguido através de um carro que te permite fazer parte de um grupo, ser aceito, ser gostado e respeitado e com isso arrumar uma namorada, seja pagando uma puta.
Mas se pegarmos o exemplo do carro, lembramos que nem sempre o carro existiu. E os romanos arrumavam sexo com espadas e cavalos.
Mas os carros eram mais rápidos e cansavam menos. E faziam você andar mais, sem esforço.
O motor de um carro vem de um motor inicialmente feito pra fazer funcionar um tear.
Tear existia, e precisava de um motor pra funcionar porque a compra de blusas era mutio grande, então tinham que produzir mais.
A compra de blusas era grande porque as mulheres não queriam mais fazer blusas em casa. Preguiça do caralho.
O carro existe porque não quermeos mais andar. O cavalo foi a primeira forma de preguiça locomotiva humana. Ele evoluiu pra um carro.
Mas a maravilha da tecnologia está nessas descobertas, que fazem você ter uma vida melhor e ainda ajudam com a sua diversão (leia-se sexo). Ou a indústria farmacêutica, que descobriu a cura para doenças como a tuberculose, a lepra, a gripe, a peste e conseguiu evitar parte dos problemas do câncer, considera que a revolução foi causada com a criação do Viagra por acaso?
O Viagra revolucionou a vida de casais de meia idade. Fez homens e mulheres felizes, mudou a forma de se comunicar com essas pessoas, a forma como essas pessoas viam o mundo, fez com essas pessoas tivessem outra qualidade de vida.
Sexo, preguiça e falsidade. O tripé que sustenta a sociedade e a vida como a conhecemos.

24.7.07

Esquisito

É meio complicado definir o que é uma pessoa normal. Até você ver um esquisito. Aí fica fácil. Tudo que é diferente do esquisito é normal. Inclusive você deve ser bem esquisito pra um cara esquisito, porque ele se acha normal. No fundo ele se acha normal, mas é irritantemente orgulhoso de sua própria esquisitice. E não admite de forma nenhuma ser considerado normal, pois ele foi talhado pelos deuses para ser diferente de todo mundo.
Mesmo que olhando para ele e seus amigos, todos pareçam iguais. Eles se acham iguais por serem diferentes. Até porque, a mente humana é criativa mas não é capaz de inventar esquisitos de tantas espécies diferentes. E a necessidade de viver em grupo faz com que os esquisitos, ao achar um grupo que seja parecido com ele, deixe parte de sua esquisitice de lado só pra ter amigos.
No íonibus, eles são esquisitos. Homens de blusas femininas e cachecol, por exemplo. Cabelos esquisitos, as moças gostam dele bem armado, já que agora a moda é chapinha. As saias são bem curtas, até as meninas ricas começarem a usar pra ficarem bonitas, aí as esquisitas vão usar as saias compridas.
Aliás, ficar bonito é o que todo mundo quer, daí vem a vontade nata dos esquisitos de serem feios. E mesmo quando não são feios por vontade divina, eles se vestem, tatuam e se pintam de forma a ficar feios. O feio é bonito em um mundo onde só o bonito é belo. Esquisitos são estranhos.
Tudo que as menininhas ricas, ou patricinhas, usam, para as esquisitas não serve. Elas chegam a gastar mais que as meninas ricas gastam só pra comprar roupas que as ricas oficiais não comprariam.
Elas são ricas. E esquisitas. Ao invés de gastar uma fortuna numa loja convencional, gastam essa fortuna em um casaco velho de um brechó mal acabado numa esquina desconhecida.
É o preço que se paga para ser diferente.
Mas vale a pena. Afinal, cada vez que eles passam pela rua, um grupo de pessoas pára e fica observando aquele bando de esquisito, que, de tão esquisito, finge não ligar para a opinião dos outros. Mesmo tendo gasto dinheiro em roupas esquisitas, tempo para maquiagens esquisitas, cérebro para conhecer bandas esquisitas e atitudes esquisitas, tudo para chamar a atenção. A atenção que eles não querem chamar. Mas chamam porque, segundo eles, "têm estilo". Como todo mundo é heterossexual, a maioria é homeossexual. Mas agora que a homossexualidade virou assunto obrigatório em novela das oito, eles se tornaram bissexuais. Só que veio a Ana Carolina e disse que é bi também, e isso passou a ser normal. Então eles são pan-sexuais. Porque, mesmo que o Serguei insista em dizer que também é, o Serguei nunca poderá ser considerado normal.
Eles são pan-sexuais porque não se importam com as formas sendo que existe carinho. Por isso a maioria é peluda, barbuda, gorda, e fede um pouco. Mas o importante é o sentimento. Que pode ser nutrido por uma pessoa, um animal, uma árvore ou uma lata de leite em pó. O prazer é o que importa. Já que todo mundo se preocupa com o corpo e com a aparência, eles, como bons esquisitos, gostam do sentimento. Durante muito tempo usaram drogas. Agora que as drogas estão na moda, eles tomam sopa de tofu nos shows de bandas que ainda não tocaram em rádios. Eles discutem Dostoyevski e não sabem quem é o Alemão do BBB. Eles vão a bares vegetarianos e comem soja, mas não a transgênica.
Eles dão valor às coisas velhas como roupas, malas de viagem, abajures, bordados, tricô, cadeiras antigas, discos de vinil e sapato com lacinhos. Só que os sapatos de lacinho voltaram à moda esses últimos tempos, agora eles não estão usando mais.
Músicas com menos de 50 anos não agradam, e se possível, além de antigas, devem ser bem desconhecidas. Bandas modernas, desconhecidas e que tocam músicas antigas desconhecidas são o máximo. Até tocarem no rádio pela primeira vez. Músicas nacionais, claro, pois gostar de coisas estrangeiras é muito fashion, não serve pra eles. Mas eles falam outras línguas. Normalmente se dividem entre o italiano, e o francês. Inglês e espanhol é pra idiota.
Sempre compram carros velhos como fuscas de cores estranhas, brasílias de cores estranhas e outros carros antigos de verdade. Além de vespas, já que uma Bizz é moderna demais pra um esquisito.
Quando se entra no mundo dos esquisitos não se tem muita chance de voltar.
É um lugar que dá medo.
Eu não conheço nenhum ex-quisito.
Mas eu tenho certeza que muita gente já me achou esquisito.

23.7.07

Avião e o jornalismo.

O jornalismo tem uma função primordial na vida das pessoas: dar informação, espera-se que correta, sobre o que aconteceu, porquê aconteceu e como aconteceu.
Talvez, se não tivéssemos imprensa, não soubéssemos que o avião já estava com problemas, que a pista estava ruim, que o assessor do Lula comemorou e etc. O famoso jornalismo investigativo.
Mas eu podia apostar que teríamos as famosas notícias: "ele ia entrar no avião e na última hora desistiu." "ela ia viajar, mas atropelou um cachorro e não viajou." mas foi melhor do que eu esperava. O Domingo Espetacular, da Record, já trouxe entrevistas e imagens tristes, lágrimas e choro dos que não embarcaram.
Eu acho legal, porque as pessoas se emocionam ao dizer que "era para eu estar lá, mas Deus salvou minha vida".
Desculpa, minha filha, mas o mesmo Deus que salvou sua vida colocou outra pessoa no seu lugar e essa pessoa morreu. Mas Deus te salvou, ainda bem. Imagina se você tivesse entrado naquele avião, minha senhora? sua família, seus filhos e amigos estariam chorando como a família de quem foi no seu lugar. Eu acho de uma arrogância filha da puta a pessoa acreditar que foi salva por Deus. Religião à parte, digamos que Deus possa salvar alguém, mas que ser humano fantástico é essa mulher que merece ser salva mais do que outra pessoa? E que acredita que ela merece ser salva porque, na cabeça dessa vaca, ela faz mais falta ao mundo do que a pessoa que entrou no seu lugar. Esse tipo de comportamento, de acreditar que merece a salvação mais do que outros, que precisa ser preservada, mesmo que outros morram, e que acha justo que ela não morra, não importa o que aconteça com o resto do mundo está bem longe do que eu acredito ser pregado pela religião. Humildade, benevolência, ajuda ao próximo e etc não são bem parecidos com arrogância, insensibilidade, auto-proteção. Não gosto de religião, mas já que é pra citar a sua salvação por parte de uma ajudinha de eus, pelo menos eu esperava que você se comportasse da maneira que Deus "disse" que você deveria se comportar. Sendo essa vaca escrota que, indiretamente, diz tudo o que eu citei acima, não dá pra pensar em nada diferente de:

1 - Você foi salva por acaso. Um acaso desses que faz com que 1 em cada 5.287.891.235 pessoas nasçam com 6 dedos, sejam canhotos, albinos, calvos e tenha carta de motorista categoria "D". Acaso não tem nada a ver com merecimento, afinal, você é uma filha da puta. O mínimo que merecia era ter as unhas arrancadas dos dedos com um alicate de cutícula. Enferrujado.

2 - Se Deus salvou você, de verdade, deve ter sido pra que você se foda ainda mais agora e aprenda a não ser babaca.

Eu não sei se é pior o jornalista que faz uma reportagem dessas, o editor que deixa uma fala dessas passar ou a pessoa que realmente acredita que era pra ela ter sido salva e outra pessoa merecia morrer desse jeito.

Seria triste um time inteiro de futebol morrer no mesmo acidente, assim como seria triste qualquer grupo de funcionários de uma empresa morrer no mesmo acidente.
Mas isso não significa que foi melhor que o time do Grêmio não tenha embarcado, já que os lugares estavam ocupados e, seja lá quem for, morreu naquele acidente.
Mas parece que quem se salvou é um pessoal bacana. Ainda bem que eles se salvaram e o resto morreu, né?
Foda-se.