Um blog sobre coisa alguma.

30.8.07

O título não cabe aqui, vai embaixo.

Título: O mundo gosta de colar de pérola e come camarão, baseado nos princípios elementares da filosofia oriental sem nexo em que se apóia a pesca esportiva, a gêmea boa da farra do boi.



As pessoas gostam de pérolas. Porque elas são raras, brilhantes, bonitas e redondas. São raras porque são naturais, pelo menos eram. Ostras são bichos que não pensam e que não se mexem, ficam no fundo do mar e, quando abertas, servem porcamente pra ser comidas. Dentro das ostras, algumas vezes, existem pérolas. Dentro da maioria não existe, porque são ostras saudáveis. As ostras que possuem algum elemento estranho dentro delas, como grãos de areia ou pequenos dejetos, fabricam a pérola como defesa, isolando aquele grão de areia do corpo. E é justamente a pedra no rim de uma ostra que a gente acha bonito. E ainda vem dentro de um bicho melecado, que se come com limão, ficando com gosto de catota salgada citrus. Mas é raro, por isso caro, por isso adorado por quem pode pagar. Como as pérolas. Muito pouca gente rica deixa de comer ostra por achar meio nojento. A maioria come, mesmo achando nojento, só pelo status que a ostra, como as pérolas, dão. E quase todo mundo come camarão, um bicho que vive no fundo do mar, como as ostras, comendo restos de comida velha, merda de outros peixes e "filtrando" o oceano. mas a maior parte das pessoas não come língua de vaca. Uma língua que é tratada a base de ração e, no máximo, capim gordura, mas que é considerada nojenta pelos apreciadores de camarão, ostras e pérolas porque o boi fica ruminando. Ninguém compraria a pedra na vesícula de um vizinho, ia achar nojento e de mal gosto pendurar aquilo no pescoço. mas compra a pedra de vesícula de ostra e exibe por aí. Isso porque uma pérola é bonita e brilhante. O que costumam dizer é que, mesmo a ostra sendo um bicho escroto como é, feio como é, nojento como é, consegue fabricar uma coisa linda, como uma pérola. No meio das coisas mais feias, ainda assim, pode existir a beleza. E pra conseguir essa beleza, criadores de ostra inserem, na mão, abrindo a ostra à força, um objeto estranho, para que a ostra produza uma pérola e as pessoas possam comprar. Fazendo uma pedra de rim forçada nas ostras. Ostra não reclama, não sente dor, não liga pra isso. Por isso, foda-se. O que não pode é comer boi, porque boi, quando morre, grita. E bicho que grita merece dó. E comer carne é coisa de filho da puta, já que mata o boi e o boi berra. Pra caralho. E sangra. Ostra não. Porque ostra não sangra e nem morre. Ela só tem uma pedra no rim, é retirada, colocam outra, é retirada, colocam outra. Muito melhor que tirar a vida do boi. Que grita.
É partindo desse princípio que existe a pesca esportiva. Que é um dos esportes mais hipócritas que se tem notícia. Embora todo mundo ache que esporte filha da puta é a corrida de touros ou as touradas, quando matam os bois. Como eu disse antes, os bois gritam, e isso é foda. Peixe não grita. É injusto enfiar espadas nos bois, porque eles ficam lá gritando, sendo feitos de idiotas numa arena, em que entram para ser enganados por um toureiro.
A pesca esportiva, por sua vez, é muito mais humana com os animaizinhos marinhos. Você não engana o bicho, nem faz ele de idiota nem é sádico com o peixe. O que se faz é colocar uma isca falsa, que imita a comida dos peixes, aproveita que o peixe tá com fome e resolve comer. Quando ele morde, toma uma injeção na gengiva e é fisgado pelo anzol. Normalmente o anzol tem um uma ponta próxima a uma flecha, o que faz com que ele entre mas não saia, assim o peixe pode ser fisgado. Quando ele é retirado da água, fica na mnao do pescador, sem respirar, obviamente, enquanto ele fotografa o peixe e, com um alicate, puxa o anzol na direção contraria (aquela que eu disse que não saía) e devolve o peixe pra água, dizendo " nada, bonitão". Isso sim é esporte politicamente correto. Não machuca o naimal, pelo menos nunca ninguém ouviu o peixe gritando como grita um boi numa tourada ou num abatedor.
A pesca, inclusive a esportiva, é um esporte normalmente praticado por japoneses. Japoneses vivem numa terra rodeada por mar. E por isso eles valorizam muito o mar. E os peixes. E os camarões. E as ostras. E as pérolas, consquentemente. Os japoneses acham bonito o que a pérola é para o mundo. A prova de que coisas muito bonitas podem sair de lugares muito feios. O que é a base do amor japonês à flor de lótus, adorada por 100% das religiões orientais-japo-nipônicas, que nasce no mangue formado pela água do mar e barro: de um lugar feio e fedido, nasce a mais linda das flores, provando para eles que a vida pode existir mesmo nas situações mais difíceis, e mais, ser uma coisa bonita.
Bonita como a pérola, a doença de um animal sem importância mais cara do mundo. E como flor de lótus. A flor que nasce no barro mais importante da religião mundial. E como um camarão. O bicho nojento mais adorado pelas pessoas.
Filho da puta, de verdade, é quem come carne. Sorte do boi que consegue emitir sons.

17.8.07

Tatuagem e história da hipocrisia explicativa do século XXI

O cientificismo é uma praga só comparável à religiosidade e à fé. O grande problema dessas duas coisas é que são muito próximas. Enquanto alguns não acreditam em nada que não seja comprovado cientificamente, os outros acreditam em tudo que tenha relação com um possível milagre ou explicação espiritual/mística. Esse negócio acabou trazendo para as pessoas a necessidade de entender o que acontece, de explicar o que acontece ou porque as coisas são feitas. é daí que surge coisas escrotas como o Feng Shui, que quer dar uma explicação cientifico-mística pro fato da sua poltrona estar virada pra televisão. Só que chega o cientificista e diz que não, a poltrona está virada pra lá porque é ergonomicamente interessante, sendo que a televisão está em posição contrária ao sol que entra pela janela, na maior parte do tempo.
A mania de ver ou inventar sentido pras coisas faz com que a Núbia de Oliveira, uma mulher que só soube ficar pelada durante toda a vida, mude de nome pra Núbia Óliiver, com dois "is". Porque, numericamente, a soma dos cabalísticos das letras do nome dela faziam mal para a carreira. Sendo que depois que ela mudou o nome, nem pelada mais ela conseguiu ficar. O excesso de explicação faz profissões novas surgirem, como os Feng Shuístas, as pessoas que fazem massagem e etc.
Um nego que faz massagem jura que mexendo no teu braço, você caga melhor, já que no braço se encontra o "meridiano do intestino". Eu ainda acho que funciona como um bife, você amassa e ele fica mais mole. Pronto, gostoso e sem frescura.
Nem tudo na vida precisa de sentido, pois algumas coisas acontecem, simplesmente, e não precisam nem possuem explicação. Mas é impossível dizer que vai fazer uma tatuagem e a pessoa não perguntar: "e o que que você vai tatuar? Tem que ser alguma coisa que te represente, né??"
Foda-se, o importante não é isso. Eu posso tatuar o desenho que quiser, se quiser fazer um ursinho carinhoso isso não me faz pior ou melhor do que desenhar uma velha sendo estuprada. Não me faz mais bonzinho nem mais malvado. É só um desenho na pele. Não precisa ser algo que me represente, ou você acha que daqui a 60 anos o que te representava hoje vai continuar te representando?
E aí vem um filho da puta e tatua Paz, Amor, Carinho ou outra coisa desse tipo no braço, escrito em alfabeto japonês. Em japonês por que? O cara nem é japonês, porra. Tatua em japonês por que tem vergonha de tatuar "amor" em português? Então não tatua. Tem também aqueles toscos que fazem tatuagem de versos da bíblia, de santos, de Jesus e etc. Bonito, mas continua sendo um filho da puta com todo mundo, fazendo merda e o caralho por aí. A tatuagem representa alguma coisa?
Hipocrisia do caralho.

10.8.07

A participação psico-social da roupa no ambiente corporal mundano ocidental cristão.

De vez em quando o mundo assiste a movimentos sociais que fazem as pessoas repensarem seus modos de vida. Isso acaba influenciando todo mundo a fazer alguma coisa diferente e viver de uma outra forma.
Um dia, perto dos anos 70, com os Estados Unidos em guerra, uma parte do mundo comunista e outra capitalista, uma porra bagunçada pra caralho e muita coisa acontecendo sem participação popular nas decisões, um povinho resolveu que aquilo tava errado. E tava errado pra cacete. O cara não queria ir pro Vietnã porque lá só tinha aquelas vietnamita feia, com 13 anos, que só é bonita em filme sobre a guerra. Na verdade, vietnamita era um povo feio, pobre, sujo e mal depilado, e não tinha viva alma nos Estados Unidos que pensasse em ir pra guerra, aos 20 anos, no auge do fervor sexual, pra ficar comendo vietnamitazinha semi-infante. Não queriam ir mesmo, e com toda a razão. Eles tinham acabado de inventar a pílula e ninguém sabia da Aids, então vamos trepar junto, todo mundo se comendo, uma vida feliz pra caralho, ninguém é de ninguém, quase um comunismo pessoal, onde todo mundo participa de todo mundo, esquece-se esse negócio de posse, de unidade, de só um poder comer só uma. Pra quê limitar as coisas boas da vida? Aliás, coisas boas eram raras de se ver naquele mundo. Tão raras que eles tomavam LSD até a tampa pra ver coisas mais bonitas. E vinham submarinos amarelos e vacas pulantes, e baleias coloridas que passeavam pelos céus da rota 66. A vida era uma kombi estilizada, trepada, LSD e Rock'n roll Usavam uma roupa qualquer, já que eles não precisavam ficar bonitos mesmo, o importante era amar, gostar de viver, e não o jeito de se vestir. Um povinho super alegrinho, liberal pra caramba, principalmente se comparado com a geração anterior. E eles eram tão liberais e tão drogados que foda-se se era um cu de homem ou de mulher. Cu é cu e cuzeiro é cuzeiro. A liberdade que eles não tinham no país, inventavam eles mesmos na comunidadezinha deles. Os hippies realmente não queriam nem saber, estavam se fudendo. Eram engajados, contra as guerras, contra a violência, a favor da paz, do amor, do sexo livre e das drogas.
O movimento hippie era uma espécie de tropicalismo que falava grosso.
E tinha muita música. Toda kombi tinha uns violões embaixo da maconha, esperando a primeira parada pra fazer uma rodinha, tocar Janis Joplin e todo mundo se comer. Existiam muitos nomes importantes daquele movimento, mas os hippies não lembravam do nome deles direito, por isso eles acabaram ficando esquecidos pela história. Na música tinha gente boa como a Janis Joplin, o John Lennon, o Jimi Hendrix, o Joe Cocker, Jeferson Aiplane, Jethro Tull, Johnny Winter, Jim Morrison e alguns outros que não começavam com J. Todos eles faziam shows que só não eram inesquecíveis porque as drogas não deixavam ninguém se lembrar. E a cada show, uma nova versão das músicas quando eles conseguiam tocar. Mas tudo era protesto, tudo era por uma boa causa, eita mundão feliz, quanta putaria, o que mais se pode querer? Se eles acreditassem em Deus, iam agradecer todo dia.

Só que esse movimento surge baseado numa constatação idiota, que qualquer maconheiro consegue chegar, e que foi o que os primeiros hippies pensaram: a vida de uma pessoa é boa entre os 15 e os 35 anos. Depois o pau murcha, os peitos caem, o cu afrouxa e começam os problemas. Então vou viver só até os 35 anos, mas vou viver bem. Vou me drogar de todos so jeitos, vou trepar de todos os jeitos, vou conhecer lugares pra caralho, fazer show pra caralho e depois morro. Foda-se, afinal, não quero virar um velho idiota. Por isso não importa quanta droga ele tome, qual lesado ele fique, quantos problemas ele tenha. Ele vai morrer já que viver nesse mundo não vale muito o esforço. Só que isso, quem pensou foi o primeiro lá atrás. Claro que isso acontecia nos Estados Unidos. O resto do mundo seguia como sempre, japoneses copiando tecnologia, alemães comendo salsichão, chineses olhando a muralha e brasileiros copiando os americanos, mas colocando junto aquele toque de brasilidade que só nós temos, aquela essência brasileira, coisa raiz, típica daqui, que são os tambores africanos, as danças africanas, as roupas africanas e as religiões africanas, conforme vimos na abertura do Pan.

Chegaram os anos 80 e o movimento hippie praticamente morreu. Só sobraram alguns que não entenderam a idéia e usaram poucas drogas, fizeram pouca merda ou entraram só quando o ônibus tava chegando no ponto final.
Na década de 80 surgiam outras pessoas pra mudar o comportamento. O mundo continuava dividido. O clima ficava mais quente com os riscos da guerra fria. E trocadilhos imbecis como esse eram motivo para muitas pessoas ficarem desesperadas.
O medo de morrer era constante, já que um gole de vodca a mais podia fazer o botão vermelho explodir o mundo.
Surgiu nessa época um grupo de jovens americanos que tinham uma característica muito semelhante à dos hippies, provavelmente seus pais. A vida é boa dos 15 aos 35 anos. Tenho que aproveitá-la. Mas não quero aproveitar minha vida numa kombi velha comendo umas mina que não depilam o suvaco e fedem pra caralho. Eu quero um carro fudido, comida boa e mulher gostosa. E pra isso eu preciso de dinheiro. E como eu vou ganhar dinheiro a ponto de ser rico antes dos 35 anos? Isso vai exatamente contra o capitalismo bonito do meu país, onde todos possuem chance de ganhar dinheiro, subir na vida e ficar feliz, mas precisa trabalhar muito.
Há poucas formas de se ganhar dinheiro rápido: jogo, pode ser aposta em futebol americano, ou qualquer porra dessas, mas não é tão fácil Pode-se formar uma banda pra cantar sobre as dificuldades da vida no estilo americano, mas já tinha o Bruce Springsteen. Podia ser inventando um remédio como a pílula, mas tinha que estudar. Podia ser na Bolsa de valores, mas há o risco de eu perder todo o meu dinheiro e morrer de fome. Mas se morrer, foda-se, De que adianta ficar vivo nesse mundo de merda se a qualquer momento podem explodir tudo? Se eu perder todo o meu dinheiro, só vou adiantar algumas coisas.

Yuppie, além de um grito extremamente viado que alguns caras soltam sem perceber quando ficam felizes, era o nome dado aos americanos jovens, espertos e que investiram e ganharam muito dinheiro na bolsa. Os que perderam dinheiro não ganharam um nomezinho bonito. Mas os que ficaram rico viraram yuppies, movimentaram a economia, compraram carros, casas, iates e mulheres da melhor qualidade.
Eles gostavam de andar bem arrumados, de terninhos, calças chiques e sapatos importados. Claro que não usavam gravata, que tinham camisas por fora das calças e etc, afinal, eles queriam andar chiques e bonitos mas nnao queriam parecer um advogado do governo. Eles queriam mostrar pra todo mundo que eles eram espertos pra caralho e não tinham chefe. Eles tinham vida noturna, não tinham horário de trabalho, eles são o primeiro modelo dos caras que hoje participam do Aprendiz. E eles provavam isso com o comportamento. O típico menino rico mimado que só se preocupa com o luxo e é um tanto vazio. Ao contrário dos ideais dos hippies, esses se preocupavam mais em provar pros outros que eles tinham conseguido. Iam viver até os 35 anos numa boa, com muito dinheiro. Era uma espécie de modelo de vida das propagandas de cigarros Free. E essa comparação foi só pra poder incluir o assunto desse texto de forma sutil.

No meio dessas duas vertentes surgia um outro tipo de ser: o publicitário.
Esse cara tinha conseguido ganhar dinheiro muito rápido, usando sua inteligência e baseando seu trabalho na sua criatividade. E estavam dispostos a pagar bem por isso. Principalmente pra vender mais pros yuppies, que tinham dinheiro pra gastar e pouco motivos pra guardar. Ao mesmo tempo, o publicitário gostava de arte, e era artista até, nnao era politizado, se drogava pra liberar a criatividade (se dava certo com os músicos, porque não com os criativos?), não se preocupavam muito com o que os outros pensavam, faziam as coisas do jeito deles e faziam certo.
Esses caras, os primeiros, criaram um jeito de trabalhar que eles gostavam. Não tinham regras, trabalhavam a hora que quisessem, estavam inventando a profissão, então eles passaram direto para a chefia, sem ser empregados, então não eram filhos da puta com os empregados pois não gostariam que os chefes fossem com eles. Era uma liberdade enorme, que eles gostavam e inventavam, fazendo a propaganda fudida.
A questão de tudo era a criatividade. A publicidade sempre foi baseada na criatividade e era por ela que eles pagavam. E bem. E até hoje, as agências de publicidade se baseiam num modelo de funcionamento que foi criado e difundido por aqueles primeiros publicitários fodas. Que criaram duas coisas importantíssimas para a profissão:
1 - A profissão.
2 - a imagem de fantasia e mistério que envolve a profissão.

O que eles criaram naquele tempo e que hoje ainda é difundido é que a sua criatividade vale o que você quiser. Por isso os publicitários acostumaram a fazer as cosias como queriam. Com a inconsequência e diversão dos hippies e a vontade de ganhar e a aura de riqueza e chiqueza dos yuppies. Por causa da criatividade. (apesar de que até hoje, algumas publicitárias ainda desesnterram as saias de suas avós hipies cheirando a naftalina com LSD e vão trabalhar, com a aura dos yuppies e sem sutiã, como suas avós)

Nesse momento, criatividade é moeda de troca.


Podem chegar a hora que quisessem, se forem criativos.

Podem nem ir trabalhar, se forem criativos.

Podem trabalhar em duplas, cada um com metade do trabalho, em troca da criatividade.

Podem beber durante o serviço, em troca de criatividade, claro.

Podem colocar os pés em cima da mesa, se forem criativos.

Podem almoçar durante o dia todo, se voltarem com uma idéia boa.

Podem trocar de carro, por serem criativos.

Podem comer várias menininhas, só na base da criatividade.

Podem fumar maconha e se drogar, pra serem criativos.

Podem, até, fumar cigarros e charutos em ambientes fechados e com ar condicionado, só por serem criativos.

Só o que não pode, em hipótese nenhuma, porque aí já é avacalhar com tudo e ser filho da puta, é trabalhar de bermuda.

Isso não pode mesmo, até porque eles podem, se quiserem, ser incoerentes. Eles são criativos, não são, porra?

7.8.07

Morreu? Que pena. Agora dá licença que tá ocupando espaço.

No caminho pro trabalho eu passo por 3 cemitérios. ITodo mundo morre um dia. Agora mesmo deve ter muita gente morrendo por aí. Mesmo que se considere só em São Paulo, deve ter muita gente dando os últimos suspiros nesse instante. O que essa porra significa? Que vai ter enterro. E enterram gente pra cacete todo dia. E os cemitérios precisam de uma certa organização. Onde está um morto da sua família, não pode ter morto de outra família.
Então o espaço é dividido, e não pode ser pequeno.
O espaço ocupado por corpos inertes é muito grande.
Cemitérios inteiros ocupam uma parte considerável da Consolação, da Doutor Arnaldo, além de muitos outros cemitérios por aí. E isso só existe porque as pessoas costumam ir até o cemitério rezar por seus mortos.
Que sentido faz isso tudo?
Não dá pra ficar aqui esperando enterrar todo mundo. Não vai ter espaço pra todo mundo ficar chorando os mortos no cemitério. Por que não cremar os mortos, guarda-se uma urna que tem o tamanho de uma caixa de sapato ao invés de um caixão de 2,0 x 0,7 metros.
Vão dizer que a religião não permite. Que tem que enterrar pra preservar o corpo.
Porra, só pra garantir, deixa o morto inteiro por 3 dias. Se não ressuscitar, não é Jesus, pode queimar.
Cada um guarda sua urna em casa. Quer rezar pro morto, vai até a sala, ajoelha na frente da urna e reza.
Porque não faz sentido rezar pro morto de corpo presente no cemitério. Aliás, só o corpo está presente mesmo. E em decomposição. Mas ninguém abre o caixão pra rezar pra morto, porque se abrisse, ia desistir quando saísse a primeira larva de dentro do corpinho do vovô.
Se um corpo em decomposição merece uma rezadela, por que as cinzas não merecem?
É melhor pra todo mundo. Ocupa menos espaço. Esquimó queima os mortos. Sabe que os mortos não vão ajudar a pescar, leva eles de volta pro mar. Viking também queimava, já que não dava pra enterrar gente em barco.
Mas o problema de tudo sempre é a religião.
Mas a cremação não afeta religião nenhuma. Se respeitarmos os 3 dias de prazo de ressuscitamento ditado pela igreja católica.

Católico acredita em céu, e não tem cláusula dizendo que só vai pro céu quem tem o corpo enterrado ou os passageiros da TAM estão no inferno agora.
Se vai pro céu, fica sabendo de tudo que acontece aqui, vê tudo, tá por dentro. Sabe que estão rezando por ele, não precisa estar semi-presente num cemitério pra saber que se lembram dele mesmo depois de morto.

Crente é a mesma coisa. Eles querem queimar tudo pra purificar mesmo, então queima o corpo pra ver se purifica a alma. E se eles puderem cobrar pra queimar, aí pode ter certeza de que apóiam.

Espírita acredita no espírito. Que usa o corpo só pra cumprir a missão terrena. Então queima o corpo logo, já que o espírito tá salvo mesmo, tanto faz a embalagem.

Judeus não querem queimar por puro trauma. Mal sabem eles que é muito mais barato cremar e guardar em casa do que pagar o cemitério o resto da vida dos filhos. Quando eles fizerem as contas e virem as vantagens financeiras, é capaz que queimem até a mãe só pra economizar.

Budista deixa queimar também, desde que isso não mate nenhum outro animal que pode ser a reencarnação da mãe dele.

Queimando todo mundo, economiza-se também o terreno dos cemitérios. E onde antes era um cemitério, pode virar uma grande fábrica de urnas funerárias. E onde antes trabalhavam um coveiro e uns jardineiros, trabalharão milhares de pessoas construindo as mais belas, resistentes e duráveis urnas funerárias.

3.8.07

O mundo da putaria é foda.

Quando eu digo que trabalho com publicidade, muita gente comenta que não conseguiria trabalhar com isso porque sempre precisa de idéias novas, que todos os dias você tem que inventar coisas diferentes, etc.
Eu acharia mais normal que as pessoas se assustassem com isso se eu trabalhasse com pornografia.
O mundo da pornografia é uma usina de idéias, uma fábrica de novidades, e tudo porque esse segmento se baseia no que não é comum, nunca visto.
Se formos buscar as origens da pornografia (e vejam que a origem da putaria é muito anterior) sabemos que existiam gravuras de cenas de sexo já em Roma e Pompéia. e até uma figura alemã de mais de 7000 anos, representando um trepadinha rápida e nórdica.
O fato é que a pornografia segue o ser humano.
Inventaram o desenho, um homem desenhou putaria. Inventaram a fotografia, no dia seguinte havia uma foto de mulher pelada. Inventaram o filme e os irmãos Lumiére correram pra casa fazer o primeiro filme amador caseiro de sacanagem. Faz parte do comportamento e da cultura do homem. Porém, só nos anos 70 é que a indústria pornográfica ganhou caráter industrial real. E e a partir daí que se torna mais difícil trabalhar com putaria.
Quando era um homem das cavernas pintando uma peludinha, tudo bem, mas quando se precisa agradar os outros, as coisas complicam.
A maior revolução da indústria pornô foi o video-cassete. A partir daquele dia, todos poderiam ter sua própria coleção de putaria em casa, e essa seria discutida pelos adolescentes, que roubariam as fitas dos pais, tios, amigos e se deleitariam com as cenas.
Nessa época surgem os primeiros sucessos, os grandes atores, literalmente, e a vida começa a fuder, metaforicamente.
A pornografia, como disse antes, é baseada no incomum. Pra explicar qual a dificuldade do diretor de filme de putaria, podemos olhar os classificados do Metrô News: Angela orl até o fim. anl/vgnl com dotado. Faço o que sua mulher não faz.

Esse é o problema, O filme de putaria só é assistido porque as pessoas vêem, ali, o que elas não estão acostumadas.
Fazendo um levantamento histórico baseado em memória visual, a gente sabe que na década de 1970 surgiram os primeiros atores de pau gigante do mundo. Claro, ninguém, ou pouca gente, estava acostumada a ver paus enormes. então todo mundo corria pra comprar os filmes pra ver, discutiam se era real ou não. Aos poucos, todo mundo que tinha um pau enorme começou a querer ser ator pornô. e isso se tornou comum.
Um rapaz, muito sagaz, deve ter pensado. Beleza, pau grande todo mundo já viu, mas e se a gente colocar mais uma mulher na cena? É difícil isso acontecer na vida real. Ok, temos aqui o começo dos filmes com duas mulheres, um cara que é servido por duas gostosas, com aqueles peitos moles dos anos 80. Mas é claro que a sociedade também vai evoluindo e o ménage a trois fica um pouco mais comum, principalmente entre quem gosta de putaria. O que fazer? Se todo mundo está transando a três, esquece isso. Quero saber quantos estão fazendo sexo anal, porque isso é incomum. Todos os filmes começam a ter a frase "contém cenas de sexo anal" e a indústria vende aos montes, nunca tinham visto aquilo. Surgem dúvidas existenciais: mas tem lubrificação no cu? Não dói? Cabe? Depois disso ela começa a cagar sem perceber? Talvez as mulheres só tenham começado a dar o cu para os maridos há menos tempo, mas as putas logo descobriram que sexo anal era certeza de venda. O que fazer agora que sexo anal é comum? Um diretor gênio lembrou do ménage a trois, mas agora que sexo anal existe, por que duas mulheres e não dois homens? A dupla penetração marcou uma virada na história do cinema pornô que nem a tripla penetração ou o candelabro italiano conseguiriam. Dois homens e uma mulher, milhares de homens convenceram as esposas a fazer com o melhor amigo deles, ou delas, ou o amante que se revelou um ânimo pro casal.
E haja cabeça pro diretor pensar em que fazer agora que todo mundo dava o cu pra um, dois ou três, e os caras tinhamum ou duas mulheres na cama, e isso era normal. O que era estranho, na verdade, era sado-masoquismo. E isso vendia bastante, porque tem muita gente estranha escondida com uma máscara de normal por aí. Ninguém, exceto aquele diretor, percebeu o nível da sacanagem contina do no mundo. E os filmes de bondage, sado e etc venderam aos milhares. Até que isso caiu na boca do povo. E o povo caiu de boca nisso. Sex shop virou sinônimo de chicotinho.
O que precisa ser entendido é que ninguém compra um filme pornô pra ver o papai-mamãe. O povo compra pra ver o que não tem em casa, digamos assim.
E chicotinho ele já tinha, vela, cera quente e pregador de roupa nos mamilos também. Então, não compravam mais filmes desses. Mas talevz eles comprassem um filme que entrou para a história e para o livro dos recordes: a tentativa de bater o recorde mundial de fodas. Milhares de homens, em fila, mantendo sempre uma certa distância, esperando a hora de transar com uma mulher desconhecida que dizia que aguentava transar com mais de cem. Na época, ela ficou conhecida e assada, e ganhou seu nome na história. Mas logo depois várias outras fizeram o mesmo, e venderam muito. Mas, como se sabe desde que o swing existe, fazer sexo com um monte de gente não é tão estranho assim. Os filmes de suruba, que chegaram a fazer sucesso não são tão estranhos assim, então isso caiu logo no esquecimento.
Sempre atento a tudo, o diretor percebeu o quanto as pessoas gostavam de contos eróticos. E isso envolvia filmes pornôs com roteiros. Uma coisa estranha, sendo que só a putaria valia, mas a cabeça dos homens pirava quando eles fingiam que a menina era virgem, que ela era casada e traía o marido, que ela nunca tinha feito sexo anal, que ela estava envergonhada e com medo mas não tinha resistido a tudo aquilo. Ou seja, roteiros bizarros, sem nexo e, acima de tudo, paródias como o Penetrator 2, com um clone do Schwazza.
Já tinham usado um monte de gente, com chicotes, em situações diversas, em todos os lugares permitidos, o que mais faltava?
Um rapaz pensou que talvez faltasse a sujeira do cocô, do xixi e etc. Não venderam tanto, ams abriram um novo leque para várias pessoas que gostavam disso.
- Então vamos usa aberrações, anões, deficientes e hermafroditas.
- Isso atraiu alguns, mas não era tão legal assim.
- Saco, merda.. vamos pegar uns travecos então.
- Opa... traveco muita gente gosta. Se não gostasse, eles não dominariam as ruas nas madrugadas. E que tal pegar aquele traveco da casa dos artistas?
- Perfeito, meu jovem diretor, isso é que é visão de negócio.
- Aliás, eu pensei em mais uma coisa.Tem um povo que já fez sucesso há algum tempoe tá na merda, sem dinheiro, essas coisas. E se eles topassem fazer um filme pornô, agora que a pornografia é mais aceita pelo povo?
- Caralho, você é um gênio. Mas quem você tem em mente?
- Sei lá. Que tal o Alexandre Frota, o matheus Carrieri?
- É uma boa. É capaz que as mulheres comecem a comprar os filmes, além dos homens. Até porque nenhum homem deve querer ver o pau do Frota.
- Porra, então pra compensar, vamos chamar umas gostosas também. Ou ex-gostosas. Que tal a Rita Cadillac?
- Perfeito.
- E se ela vem, a Gretchen vem também.
- Genial.
- E a Regininha Poltergeist? ela era gostosa no meu tempo.
- Porra, a gente vai foder com esse mercado. Vamos ganhar dinheiro pra caralho!


E a gente nunca sabe se as pessoas mudam seu comportamento por causa dos filmes pornôs, ou se os filmes pornôs mudam porque o comportamentos das pessoas mudou.

Os desdobramentos dessas putarias pode ser visto no Mercado Livre, em que há pessoas que vendem calcinhas usadas para tarados por esse tipo de coisa.
Pois é.
E assim caminha a putaria pelo mundo.
Criação, criação de verdade, passa longe das agências de publicidade. Criar filme pornô é que é foda de verdade.





Pensamento filosófico.

A pornografia consumida em um país é um retrato daquela sociedade. Um nu artístico, mas um retrato.